A Unidade de Tratamento de Dor do Hospital Sousa Martins, localizada na cidade da Guarda, no centro de Portugal, foi inaugurada em 2007. Há cerca de dois anos, introduziu uma nova abordagem terapêutica: a ozonioterapia.
Os 15 pacientes atendidos diariamente nesta unidade são prova dos efeitos dessa terapia, relatando o alívio que sentem ao receber o gás medicinal, que é diferente do ozônio presente na atmosfera superior.
Orlindo Ferreira, de 78 anos, residente em Figueiró da Serra, está em tratamento com ozonioterapia há dois anos. Após uma amputação no pé, ficou com uma ferida de difícil cicatrização. Ele conta: “Sentia muita dor e não conseguia ter uma noite de sono tranquila.”
Hoje, suas dores diminuíram consideravelmente graças a uma técnica em que mergulha o pé em uma bacia com água borbulhante. Ele explica: “Eu não conhecia essa terapia. Falei com minha médica de família, e agora vejo que, sem a ozonioterapia, poderia ter perdido minha perna.”
Contudo, Orlindo ainda enfrenta alguns desafios. Sandra Martins, enfermeira da unidade, comenta sobre seu caso: “Ainda há uma ferida residual da amputação que impede o uso de uma prótese.” Ela detalha: “Era uma ferida crônica que não respondia aos tratamentos convencionais, e, atualmente, estamos focados em controlar a situação. Estamos gerindo a dor, especialmente devido à pressão que a ferida exerce ao caminhar. A prótese ainda não é uma opção até que a ferida cicatrize completamente.”
Além da hidro-ozonioterapia, que consiste em sessões de 15 minutos em um ambiente aquático com água ozonizada, Orlindo também realiza um tratamento chamado “bolsa de ozônio”. Este método utiliza um saco hermeticamente fechado onde o ozônio é inserido, funcionando como agente de limpeza, antisséptico e anti-inflamatório, segundo a explicação da enfermeira.
A frequência das sessões de ozonioterapia varia entre duas a três vezes por semana, conforme prescrição do Dr. Manuel Alfredo Dias da Costa, anestesiologista e coordenador da Unidade de Tratamento de Dor, carinhosamente conhecido pelos pacientes como “Dr. da dor”.
Atendendo, em média, 15 pacientes por dia, os tratamentos só foram interrompidos durante o confinamento da pandemia de covid. “Mantivemos o acompanhamento remoto, mas muitos de nossos pacientes enfrentam dificuldades não só materiais, como também sociais. Nossa presença é essencial para que se sintam mais felizes e motivados a continuar vivendo”, destaca Dias da Costa, de 70 anos, realçando a importância de criar um ambiente positivo.
Ele também revela o motivo que leva muitos pacientes a procurarem a unidade: “Muitos viajam de longe, trazendo a esperança de uma vida melhor, adaptada às suas limitações.” No entanto, lamenta: “A maioria dos médicos de família nem sabe que oferecemos ozonioterapia.”
Dias da Costa aponta um dos maiores obstáculos à aceitação da ozonioterapia pela comunidade médica: o desconhecimento. Ele defende o uso desse tratamento, com poucos efeitos colaterais, como terapia complementar. Menciona ainda que, só na Alemanha, existem cerca de 11 mil ozonioterapeutas.
Ele também menciona a história do uso do ozônio, descoberto no século XIX pelo alemão Werner von Siemens. As primeiras aplicações ocorreram na Primeira Guerra Mundial, onde foi usado como antisséptico local para tratar feridas de guerra.
“Este ozônio medicinal não é o da atmosfera”
A dor crônica é uma dor que persiste por mais de quatro a seis meses. “A ozonioterapia é indicada para diversos tipos de dor, incluindo a dor neuropática, que surge devido a lesões nos nervos, e a dor nociceptiva, causada pela estimulação dos receptores de dor distribuídos pelo corpo”, explica Dias da Costa. Ele acrescenta que pacientes com artrose são frequentes no hospital.
“Utilizamos o ozônio como um agente complementar que oferece efeitos anti-inflamatórios e analgésicos sem causar danos ao organismo, pois possui pouquíssimos efeitos colaterais”, afirma, destacando sua eficácia no alívio da dor.
“O ozônio possui propriedades bactericidas e virucidas, sem permitir que microrganismos desenvolvam resistência a ele”, comenta. Ele ressalta ainda que a dor crônica afeta a qualidade de vida dos pacientes, envolvendo aspectos psicológicos e limitações físicas que a dor pode impor.
Terapia complementar
“O ozônio nunca é utilizado como único tratamento; ele é uma terapia complementar, empregada para controlar a dor crônica, melhorar a qualidade de vida e promover a funcionalidade do paciente”, afirma o médico, que define o protocolo e a concentração de ozônio para cada caso.
O ozônio é um gás administrado de várias formas: por via sanguínea, intravenosa, intramuscular, subcutânea e intra-articular. “É diferente do ozônio da atmosfera”, salienta o coordenador da Unidade de Tratamento de Dor da Unidade Local de Saúde da Guarda.
“O ozônio medicinal que usamos é um gás altamente instável composto por três moléculas, chamado trioxigênio. Ao aplicá-lo, aumentamos a concentração de oxigênio nos tecidos, o que é essencial para tratar feridas relacionadas a problemas circulatórios, devido ao seu potente efeito bactericida”, esclarece o médico anestesiologista.
O ozônio medicinal é produzido por um gerador específico. “Obtemos o ozônio por meio de uma reação catalítica com oxigênio medicinal. Atrás do equipamento, há um cilindro de oxigênio. Este ozônio medicinal não tem relação com o ozônio atmosférico, que pode ser prejudicial às vias respiratórias e à pele”, finaliza Dias da Costa, fundador da Unidade de Tratamento de Dor do Hospital Sousa Martins, na Guarda.
“Negligenciamos muitos tratamentos de baixo custo”
O Hospital da Guarda é o único hospital público no interior de Portugal que oferece tratamento com ozonioterapia, afirma João Gonçalves, de 57 anos, médico ortopedista e presidente da Sociedade Portuguesa de Ozonioterapia desde 1991. A sociedade, com cerca de 100 membros, dedica-se à promoção, desenvolvimento e formação na área da ozonioterapia.
“Temos o Hospital Garcia de Orta, o Hospital Amadora Sintra, o Hospital de Setúbal, além de vários hospitais privados no país que utilizam essa técnica. No entanto, a Guarda é pioneira no interior ao estabelecer uma unidade de tratamento de dor crônica com ozonioterapia”, destaca ele, observando que a terapia complementar é muitas vezes negligenciada em Portugal.
“Creio que a terapia é subvalorizada por motivos econômicos. É mais fácil prescrever um medicamento rentável do que investir na ozonioterapia. O ozônio exige um investimento inicial em geradores, agulhas e cilindros de oxigênio, mas é de baixo custo hospitalar. Medicamentos para dor crônica são caros, e tratamentos eficazes são deixados de lado por serem baratos. Falta informação e vontade para investir na ozonioterapia”, desabafa.
João Gonçalves acredita que a ozonioterapia é a melhor indicação para dor crônica. “Esses pacientes sofrem diariamente e, muitas vezes, nem receberam diagnóstico adequado. Consideramos a ozonioterapia uma opção de primeira linha para dor crônica. É uma terapia com alta evidência científica de eficácia”, afirma. Ele explica que o ozônio é uma mistura de oxigênio, com 95% de O₂ e 5% de O₃.
“Usamos uma quantidade muito pequena de ozônio, uma molécula com três átomos de oxigênio. Quando injetamos, usamos mais oxigênio do que ozônio”, esclarece Gonçalves. Explica ainda que o oxigênio passa por placas de porcelana, onde uma descarga de alta voltagem o transforma em ozônio, que é coletado em seringas. “O ar na seringa tem o aroma típico que se sente após uma tempestade”, explica.
Praticando a ozonioterapia há 10 anos, ele assegura que não há “complicações” para os pacientes, e que milhares já encontraram alívio. “Precisamos de mais hospitais e mais pesquisas sobre ozonioterapia. Estamos não apenas administrando ozônio, mas também oxigênio, revitalizando células e o metabolismo. Com base em evidências, não há dúvida da eficácia para dor crônica, hérnias de disco e doenças articulares crônicas. O ozônio age como regenerador da cartilagem e ajuda na recuperação de lesões musculares em atletas”, conclui.
Dor crônica de difícil controle
A eficácia da ozonioterapia é destacada por Rui Venâncio, enfermeiro coordenador da Unidade de Tratamento de Dor do Hospital da Guarda. “Trabalhamos com pacientes que apresentam dores agudas após cirurgias, além de dores persistentes que, com o tempo, deixam de ser apenas sintomas e se tornam uma doença em si”, explica ele.
“Depois de três a quatro meses ou quando a causa inicial da dor já desapareceu, a dor pode se tornar uma condição própria, sendo difícil de controlar. Os pacientes que nos procuram geralmente não tiveram sucesso em outros serviços, tornando-se casos mais desafiadores para controle. São casos complexos, pois a dor não foi controlada em outros lugares”, detalha o enfermeiro enquanto nos mostra a Sala Técnica, onde ocorrem os tratamentos de ozonioterapia.
“Introduzimos a ozonioterapia há dois anos e percebemos que ela pode ser aplicada em muitos tipos de dor e para quase todos os diagnósticos: fibromialgia, dores articulares, lombares, dor oncológica e dor crônica em pacientes ainda ativos no trabalho. Dedicamos todo o nosso esforço aos pacientes que chegam, muitos de todo o distrito”, afirma, indicando os pacientes na sala de espera.
“Oferecemos uma abordagem multidisciplinar, incluindo nutrição e psicologia, e na ozonioterapia aplicamos várias técnicas: hemoterapia (mistura de sangue do próprio paciente), hidro-ozonioterapia (água enriquecida com ozônio), bolsas de ozônio e óleos ozonizados para problemas de pele”, detalha Rui Venâncio.
Aliviar a dor para poder trabalhar
Retomar a capacidade de trabalhar e voltar à vida que tinha antes de enfrentar o câncer e a artrite reumatoide foi possível para Isabel Carvalho, de 54 anos, que trabalha como administrativa na Câmara Municipal de Sabugal, graças às autotransfusões e infiltrações de ozonioterapia nas áreas mais afetadas, realizadas pela enfermeira Cátia Pragana, de 39 anos.
“Para esses pacientes, dormir bem é essencial”, explica Cátia, detalhando um dos procedimentos de ozonioterapia (hemoterapia). “Retiramos uma quantidade de sangue da paciente usando um sistema de vácuo conectado a um dispositivo que mistura o sangue com ozônio, gerado pelo equipamento. Após a adição do ozônio, a mistura é agitada e então reintroduzida na paciente.” Isabel, que começou o tratamento em novembro passado, conta que agora consegue dormir durante a noite.
“Agora consigo descansar à noite. Eu sofria com muitas dores e me recomendaram vir aqui; foi a melhor decisão. A dor estava no nível 10; tinha que subir as escadas engatinhando e mal conseguia me mexer. O intervalo durante o confinamento foi terrível para mim. Tomei medicações muito fortes, que não ajudaram e ainda me fizeram perder o cabelo. Agora consigo até usar salto e me sinto eu mesma de novo. Devo tudo a eles; foi a melhor coisa que poderia ter acontecido. Tenho qualidade de vida novamente e pareço mais saudável. Eu não comia nem dormia antes. Sinto que sou outra pessoa, ganhei anos de vida com este tratamento e com esses profissionais incríveis. A relação é muito humana e especial; o carinho é fundamental para nós”, enfatiza Isabel.
A mesma abordagem terapêutica está sendo aplicada em Ângela Alves, de 61 anos, diagnosticada com fibromialgia aos 35 anos e atualmente trabalhadora em uma fábrica têxtil em Trancoso. Há dois anos, ela recebe acompanhamento da enfermeira Piedade Ramos, de 55 anos, para o tratamento com ozonioterapia.
“Ângela é uma paciente com fibromialgia que viu sua condição piorar, e estamos realizando um tratamento sistêmico com autotransfusões de ozônio, em sessões duas vezes por semana”, comenta a enfermeira Piedade. Ângela relata: “Eu costumava sentir dores tão intensas que quase desmaiava. Não conseguia andar nem falar, sofria com dores de cabeça terríveis. Agora, sinto-me muito melhor; as dores diminuíram bastante e a fadiga também”, revela Ângela.
A situação também tem melhorado para a companheira de Carlos Luís, de 71 anos, que é seu cuidador informal. Eles percorrem quase 100 km de Vasco Esteves de Cima, no concelho de Seia, até o Hospital da Guarda para o tratamento.
“Ela tem uma incapacidade de 65%, sofre da síndrome de Sjögren e sente dores intensas em todo o corpo. Quando faz o tratamento, suas dores reduzem significativamente. É importante manter essa estabilidade e os benefícios para a dor”, afirma Carlos Luís com esperança.
De mãos entrelaçadas, o casal, que compartilha meio século de vida juntos, completa mais uma sessão de tratamento de ozonioterapia. “Sou eu quem cozinha, dou banho e faço as compras. Ela sempre foi uma ótima companheira, merece todo o meu respeito”, segura firmemente a mão da mulher, que está deitada na cama do hospital recebendo o tratamento.
A ozonoterapia está regulamentada como uma terapia médica na Nomenclatura da Ordem dos Médicos, de acordo com a publicação do decreto-lei nº 163/2013 de 24 de abril. Atualmente, em Portugal, existem mais de uma centena de ozonioterapeutas.
Ozonioterapia em Porto Alegre, RS
Miriam Dani, enfermeira qualificada e especializada em ozonioterapia, oferece uma ampla gama de serviços nas áreas estética e terapêutica na cidade de Porto Alegre, localizada no estado do Rio Grande do Sul.
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Além de sua expertise em ozonioterapia, Miriam Dani oferece uma diversificada variedade de outros tratamentos para seus pacientes. Essas opções incluem acupuntura, medicina chinesa, microscopia de campo escuro, microagulhamento, plasma rico em plaquetas e bioressonância quântica.